Fotógrafa Joana França fará evento de encerramento de sua exposição.
Amanhã, quinta 17/4, na Galeira da BSB Memo.
A exposição Brasília Monumental e Cotidiana de Joana França segue até amanhã e, para finalizar a mostra, a artista estará presente na Galeria a partir das 18h para conversar com o público sobre o seu trabalho, e também apresentar outras fotografias de seu grande acervo, que poderão ser encomendadas com a artista.
Mais informações: Galeria BSB Memo, 3034-4427 ou pelo e-mail memo@bsbmemo.com.
Amanhã, quinta 17/4, na Galeira da BSB Memo.
A exposição Brasília Monumental e Cotidiana de Joana França segue até amanhã e, para finalizar a mostra, a artista estará presente na Galeria a partir das 18h para conversar com o público sobre o seu trabalho, e também apresentar outras fotografias de seu grande acervo, que poderão ser encomendadas com a artista.
Mais informações: Galeria BSB Memo, 3034-4427 ou pelo e-mail memo@bsbmemo.com.
"Brasília Monumental e Cotidiana"
Joana França por Ricardo Theodoro
"As fotografias de Joana França nos falam sobre sua duradoura relação com Brasília, que por vezes beira a obsessão. Seu olhar tateia a cidade, experimentando suas texturas, curvas e ângulos, como quem explora o corpo da pessoa amada, tentando reter os detalhes para mantê-lo presente na memória.
Nessa pequena mostra podemos percorrer alguns diferentes momentos dentro dessa experiência. As imagens se alternam entre detalhes, sejam das construções ou do mobiliário, até a macro escala do desenho urbano. Ora através de enquadramentos formalmente rigorosos, que fazem saltar aos olhos a preocupação dos modernistas com o desenho que perpassa todas as escalas. Ora revelando aspectos imprevisíveis das ocupações dos espaços urbanos, que só se revelam para quem é íntimo o suficiente para encostar a cabeça no peito, e escutar o ritmo sutil, mas pulsante da cidade que hoje é viva.
Suas fotografias são um convite generoso para que deixemos cair o véu que o cotidiano impõe entre a cidade e nosso olhar apressado do dia a dia. Expondo sua intimidade com a cidade, Joana nos oferece possibilidade de rever Brasília através do seu olhar de quem nutre um amor maduro cultivado pelo trabalho diário".
Joana França por Ricardo Theodoro
"As fotografias de Joana França nos falam sobre sua duradoura relação com Brasília, que por vezes beira a obsessão. Seu olhar tateia a cidade, experimentando suas texturas, curvas e ângulos, como quem explora o corpo da pessoa amada, tentando reter os detalhes para mantê-lo presente na memória.
Nessa pequena mostra podemos percorrer alguns diferentes momentos dentro dessa experiência. As imagens se alternam entre detalhes, sejam das construções ou do mobiliário, até a macro escala do desenho urbano. Ora através de enquadramentos formalmente rigorosos, que fazem saltar aos olhos a preocupação dos modernistas com o desenho que perpassa todas as escalas. Ora revelando aspectos imprevisíveis das ocupações dos espaços urbanos, que só se revelam para quem é íntimo o suficiente para encostar a cabeça no peito, e escutar o ritmo sutil, mas pulsante da cidade que hoje é viva.
Suas fotografias são um convite generoso para que deixemos cair o véu que o cotidiano impõe entre a cidade e nosso olhar apressado do dia a dia. Expondo sua intimidade com a cidade, Joana nos oferece possibilidade de rever Brasília através do seu olhar de quem nutre um amor maduro cultivado pelo trabalho diário".
Entrevista com a Artista
Conversamos com a fotógrafa sobre a experiência de fotografar Brasília. Leia a seguir a entrevista.
BSB Memo - Sua área de formação é a arquitetura. O que fez você escolher o caminho da fotografia? Brasília tem participação nessa decisão?
Joana França - Sou arquiteta, filha de arquitetos. Todo mundo que saiu lá de casa é arquiteto. Sem dúvida, crescer numa casa com essas referências foi muito importante pra minha formação imagética, e para a do meu irmão, que hoje é ilustrador. Tão importante quanto a casa, foi a rua, e estar na superquadra, no pilotis, ir pra escola de projeto modernista, pro Clube de Vizinhança, caminhando pelos percursos amplos e arborizados. Aliada à minha formação na Faculdade de Arquitetura e de Urbanismo, essas referências certamente formaram o meu olhar, e meu estilo dentro da fotografia, que é um tanto modernista e planejado, assim como a cidade, bem como é distanciado e analítico, características que considero que Brasília impõe, a princípio.
BSB Memo - Você faz trabalhos fotografando outras cidades. Como é fotografar Brasília? Tem diferença fotografar Brasília e outras cidades? Brasília traz elementos diferentes à sua observação?
Joana França - Brasília oferece essa abordagem feita de uma certa distância, muito devido aos amplos espaços. Nas cidades "tradicionais", os espaços proporcionam o encontro entre pessoas, e aí as situações que podem acontecer são inúmeras, imprevisíveis e mágicas. A fotografia de cidades depende muito dessas relações. Nesse sentido é bem mais difícil fotografar aqui.
Eu faço alguns trabalhos para publicações e para guias de arquitetura de Brasília, que me levam para lugares aonde eu nunca havia ido, para explorar com a câmera. Nesse sentido, os meus trabalhos "comerciais" me impulsionam a desenvolver projetos pessoais, que são investigações mais profundas desses espaços.
BSB Memo - Pensando nos momentos em que você já fotografou Brasília, qual a sua percepção sobre a evolução da paisagem urbana da cidade?
Joana França - Para falar só sobre o Plano Piloto, os espaços da "Escala Gregária" (como chamou Lúcio Costa ao se referir às áreas de maior adensamento), têm sofrido muitas mudanças. Normal para uma cidade que está viva e em constante crescimento. Só me entristece é que a média da qualidade da arquitetura que vem sendo produzida é bem ruim. Outro dia, olhando novamente fotografias do Marcel Gautherot feitas nos primeiros anos de Brasília, me deu uma tristezinha ao admirar aquela paisagem onde, pra qualquer lado que se se olhasse, só se via prédios elegantes. Um tipo de nostalgia de algo que não vivi.
Em contrapartida, para não terminar em tom depressivo, fico muito feliz com a movimentação dos moradores de Brasília, que vem acontecendo de uns 2 anos pra cá, de valorização e ocupação dos espaços públicos. Acho que "os filhos de Brasília" têm cada vez mais a consciência da maravilha que é morar numa cidade que é um parque. Sabendo o que podemos fazer enquanto cidadãos e o espaço que nos cabe, podemos também manifestar conscientemente as nossas insatisfações com a cidade onde vivemos, e, então, transformá-la.
Conversamos com a fotógrafa sobre a experiência de fotografar Brasília. Leia a seguir a entrevista.
BSB Memo - Sua área de formação é a arquitetura. O que fez você escolher o caminho da fotografia? Brasília tem participação nessa decisão?
Joana França - Sou arquiteta, filha de arquitetos. Todo mundo que saiu lá de casa é arquiteto. Sem dúvida, crescer numa casa com essas referências foi muito importante pra minha formação imagética, e para a do meu irmão, que hoje é ilustrador. Tão importante quanto a casa, foi a rua, e estar na superquadra, no pilotis, ir pra escola de projeto modernista, pro Clube de Vizinhança, caminhando pelos percursos amplos e arborizados. Aliada à minha formação na Faculdade de Arquitetura e de Urbanismo, essas referências certamente formaram o meu olhar, e meu estilo dentro da fotografia, que é um tanto modernista e planejado, assim como a cidade, bem como é distanciado e analítico, características que considero que Brasília impõe, a princípio.
BSB Memo - Você faz trabalhos fotografando outras cidades. Como é fotografar Brasília? Tem diferença fotografar Brasília e outras cidades? Brasília traz elementos diferentes à sua observação?
Joana França - Brasília oferece essa abordagem feita de uma certa distância, muito devido aos amplos espaços. Nas cidades "tradicionais", os espaços proporcionam o encontro entre pessoas, e aí as situações que podem acontecer são inúmeras, imprevisíveis e mágicas. A fotografia de cidades depende muito dessas relações. Nesse sentido é bem mais difícil fotografar aqui.
Eu faço alguns trabalhos para publicações e para guias de arquitetura de Brasília, que me levam para lugares aonde eu nunca havia ido, para explorar com a câmera. Nesse sentido, os meus trabalhos "comerciais" me impulsionam a desenvolver projetos pessoais, que são investigações mais profundas desses espaços.
BSB Memo - Pensando nos momentos em que você já fotografou Brasília, qual a sua percepção sobre a evolução da paisagem urbana da cidade?
Joana França - Para falar só sobre o Plano Piloto, os espaços da "Escala Gregária" (como chamou Lúcio Costa ao se referir às áreas de maior adensamento), têm sofrido muitas mudanças. Normal para uma cidade que está viva e em constante crescimento. Só me entristece é que a média da qualidade da arquitetura que vem sendo produzida é bem ruim. Outro dia, olhando novamente fotografias do Marcel Gautherot feitas nos primeiros anos de Brasília, me deu uma tristezinha ao admirar aquela paisagem onde, pra qualquer lado que se se olhasse, só se via prédios elegantes. Um tipo de nostalgia de algo que não vivi.
Em contrapartida, para não terminar em tom depressivo, fico muito feliz com a movimentação dos moradores de Brasília, que vem acontecendo de uns 2 anos pra cá, de valorização e ocupação dos espaços públicos. Acho que "os filhos de Brasília" têm cada vez mais a consciência da maravilha que é morar numa cidade que é um parque. Sabendo o que podemos fazer enquanto cidadãos e o espaço que nos cabe, podemos também manifestar conscientemente as nossas insatisfações com a cidade onde vivemos, e, então, transformá-la.